Medicina Esportiva

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Efeito ergogênico da cafeína em exercício de endurance

A possibilidade de que a cafeína possa exercer algum efeito ergogênico nos exercícios de longa duração vem sendo investigada por diversos pesquisadores, desde a década de 70. A partir de então, abriu-se um vasto campo de investigações acerca dos possíveis benefícios causados pela cafeína na performance de endurance.

A cafeína é uma das drogas mais consumidas em todo o mundo. Presente em diversas espécies de plantas, é encontrada em chás, café, cacau, guaraná, chocolate e nos refrigerantes. Seu consumo, visando a efeitos estimulantes, data de muitos séculos, no entanto, sua utilização por atletas, com a intenção de melhorar a performance, tem se tornado popular nas últimas décadas, devido aos estudos sobre seus efeitos ergogênicos.
A cafeína é um alcalóide pertencente ao grupo das drogas classificadas como as metilxantinas. É uma substância lipossolúvel e aproximadamente 100% de sua ingestão oral é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal, atingindo seus níveis de pico no plasma, entre 30 e 120 minutos.
Atualmente, o Comitê Olímpico Internacional (COI) classifica a cafeína como uma droga restrita, positiva em concentrações acima de 12mg/L, na urina. A cafeína afeta quase todos os sistemas do organismo, sendo que seus efeitos mais óbvios ocorrem no sistema nervoso central (SNC). Quando consumida em baixas dosagens (2mg/kg), a cafeína provoca aumento do estado de vigília, diminuição da sonolência, alívio da fadiga, aumento da respiração, aumento na liberação de catecolaminas, aumento da freqüência cardíaca, aumento no metabolismo e diurese. Em altas dosagens (15mg/kg) causa nervosismo, insônia,
tremores e desidratação.
Análise das pesquisas sobre a utilização da cafeína como recurso ergogênico nos exercícios de endurance.
O interesse nos possíveis efeitos da cafeína, como recurso ergogênico nos exercícios de endurance, iniciou-se com uma série de três estudos realizados nos Estados Unidos, no final da década de 70. No primeiro estudo, foram examinados os efeitos da ingestão de 330mg de cafeína, 1h antes de exercício em bicicleta ergométrica, a 80% VO2 máx, até a exaustão. Os sujeitos apresentaram um aumento de 19,5% no tempo de endurance (90.2 min vs 75.5 min, cafeína vs placebo, respectivamente).
No segundo estudo, foi demonstrado que a ingestão de 250mg de cafeína resultou em um aumento de 7% na quantidade de trabalho produzida em 2h de exercício em bicicleta ergométrica. Esses estudos sugeriram que a cafeína causou um aumento na disponibilidade de ácidos graxos livres para o músculo, resultando em um aumento da taxa de oxidação de lipídios (gorduras). Dessa forma, iniciando-se a utilização de lipídios mais cedo para a produção de energia, o glicogênio muscular poderia ser poupado, retardando a fadiga.
No terceiro estudo, o metabolismo muscular dos sujeitos foi analisado durante 30 min de exercício em bicicleta ergométrica, a 65-70% VO2 máx, após a ingestão de 5mg/kg de cafeína. Vale ressaltar que um avanço na metodologia deste estudo foi a administração das dosagens de cafeína em relação ao peso corporal dos sujeitos. Desta vez as alterações no glicogênio muscular foram mensuradas, e os pesquisadores observaram uma economia de 42% no glicogênio muscular,
devido à cafeína.
Mesmo sendo comprovado o efeito positivo da cafeína em atividades de endurance, vale a pena ressaltar que a cafeína é uma droga considerada como doping pelo COI, quando suas concentrações urinárias resultam em valores acima de 12mg/L, além do que, o consumo exagerado da substância pode comprometer funções
vitais do organismo.

Equipe SportsLab
www.sportslab.com.br
-Dr. Sérgio Dias Reis
-Dr. Rogério José Neves
-Dr. Paulo Sérgio Barone
-Prof. Daniel Barsottini